Em primeiro lugar, é muito importante esclarecer que “perder urina” não é normal, e não faz parte do envelhecimento, como muitas mulheres pensam.
A incontinência urinária é definida como qualquer perda urinária involuntária. Pode ocorrer aos esforços (ao tossir, espirrar, fazer exercícios...) ou acompanhada de sintomas de urgência (vontade muito forte e inadiável de urinar, em que, muitas vezes, não dá tempo de chegar ao banheiro).
Por vezes, ambas ocorrem simultaneamente, e chamamos de incontinência urinária mista.
Uma em cada dez mulheres que consultam seu ginecologista apresenta alguma queixa de incontinência urinária. É mais frequente em mulheres após a menopausa, mas também pode acontecer em mulheres jovens, em atletas e, até mesmo, em adolescentes.
Muitos fatores estão relacionados ao surgimento da incontinência urinária.
A incontinência urinária aos esforços ocorre pelo enfraquecimento da musculatura e dos ligamentos pélvicos, levando a um prejuízo na sustentação da uretra e da bexiga, causando uma “frouxidão” destas estruturas, que passam a ter, então, dificuldade em “conter” a urina em situações em que a mulher faz algum esforço.
Nos casos em que há perda urinária associada a sintomas de urgência (incontinência urinária de urgência), o defeito está na musculatura da própria bexiga, que contrai involuntariamente, sem “obedecer” ao comando do cérebro, e obriga a mulher a urinar imediatamente, muitas vezes sem nem mesmo conseguir chegar ao banheiro! Esta situação também é conhecida como “bexiga hiperativa”, e, muitas vezes, não se encontra uma causa específica para a condição.
Os fatores de risco para a ocorrência de incontinência urinária são: envelhecimento, menopausa, gestações, partos vaginais, sobrepeso ou obesidade, tosse crônica, exercícios físicos de impacto, atividades profissionais que envolvam esforço, constipação crônica, dentre outros.
A incontinência urinária é uma doença crônica, que inicia com sintomas leves. À medida que progride, pode prejudicar muito a auto-estima e a qualidade de vida das mulheres, limitando o convívio social, e o relacionamento afetivo e sexual.
A incontinência urinária aos esforços é o tipo mais comum, e o sintoma é a perda de urina ao tossir, espirrar, rir e carregar peso.
A incontinência urinária de urgência (bexiga hiperativa) tem como sintoma principal uma frequente, súbita e incontrolável necessidade de urinar, acompanhada de perda urinária. Além disso, a mulher vai inúmeras vezes ao banheiro durante o dia, e, muitas vezes, durante a noite, o que compromete a qualidade do sono.
Em mulheres mais idosas, a incontinência urinária também aumenta a chance de acidentes domésticos e quedas, devido às constantes e urgentes idas ao banheiro.
Inicialmente, o tratamento é feito com orientações e medidas gerais.
A reeducação da micção, ou seja, urinar com intervalos determinados, a diminuição da ingestão de substâncias irritantes vesicais (bebidas cafeinadas e alcoólicas, condimentos industrializados), a perda de peso, a parada do tabagismo e a restrição leve de líquidos devem ser orientadas, pois apresentam papel importante no tratamento.
O uso de hormônios vaginais também pode ajudar em alguns casos.
O treinamento da musculatura do assoalho pélvico (fisioterapia pélvica) apresenta bons resultados no tratamento da incontinência urinária, principalmente se for supervisionado por um profissional especializado (fisioterapeuta).
Nos casos de incontinência urinária de urgência em que não houver resposta ao tratamento inicial, está indicado o uso de medicamentos, sempre sob orientação e supervisão do médico especialista, pois os medicamentos possuem características próprias, e devem ser escolhidos individualmente, obedecendo a critérios rigorosos. Não está indicado o tratamento cirúrgico nestes casos.
Para os casos de incontinência urinária aos esforços em que não há resposta ao tratamento comportamental e fisioterapêutico, indicamos o tratamento através da cirurgia.
O tratamento por laser vaginal pode ser utilizado em casos selecionados, de incontinência urinária leve, mas ainda não existem estudos científicos confiáveis que comprovem o seu benefício ou a sua segurança a longo prazo.
Nos casos de incontinência urinária mista (de esforço e de urgência), o tratamento a ser realizado deve ser decidido individualmente.
Existem algumas situações especiais, como, por exemplo, mulheres que somente apresentam perda urinária quando fazem exercícios físicos, o que chamamos de incontinência urinária atlética. Nestes casos, em que ocorre a perda urinária somente nestas situações, podemos utilizar pessários vaginais específicos, que a própria mulher insere antes de realizar a atividade física.
A cirurgia para correção da incontinência urinária consiste, na maioria das vezes, na colocação de uma “cinta” (chamada de “sling”) abaixo da uretra, para promover sustentação desta estrutura e evitar as perdas urinárias nos casos de esforço, tosse, etc.
Esta “cinta” pode ser tanto feita de tela sintética (material chamado polipropileno), que é desenvolvida especialmente para estas situações, ou pode ser utilizado o próprio tecido da paciente. Neste caso, retira-se uma parte (uma “fita”) da fáscia do músculo reto abdominal, através de um corte feito no abdome (parecido com o corte da cesariana), e essa “fita” é posicionada abaixo da uretra. A escolha do material, assim como da via pela qual será feita a cirurgia (pela vagina, pelo abdome, ou ambos) depende de muitos fatores, alguns deles individuais, que explico na consulta.
A avaliação da mulher com incontinência urinária e/ou com prolapso genital é feita na consulta ginecológica para esta finalidade.
Inicialmente, realizo uma entrevista completa, abrangendo todos os aspectos da saúde da vida atual e passada da mulher, seu histórico de gestações, cirurgias, doenças prévias e existentes, e seus tratamentos, além de outros.
Após, realizo o exame ginecológico, para diagnóstico do prolapso genital, identificando quais órgãos se encontram caídos e avaliará se existe alargamento vaginal. Também é o momento de identificar se existe incontinência urinária, se há atrofia (pele e mucosa vaginal mais finas ou ressecadas em função da falta de hormônios) ou outras lesões vulvares ou vaginais.
Os exames a serem solicitados dependem da avaliação inicial, bem como das doenças que a mulher apresente, e que possam estar correlacionadas com a sua queixa e com o exame físico. Exames de urina, glicemia de jejum, dentre outros, podem ser necessários para a definição da conduta.
Em algumas situações, pode ser necessária a realização da avaliação urodinâmica, um exame que avalia o funcionamento da bexiga e da uretra, e auxilia, em alguns casos, na orientação pré-operatória.
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